sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre Rita Lee e seu Euzébio

Desde pequena, ou melhor, que eu sou criança – porque pequena nunca fui (!) – sou fã incondicional de Rita Lee. Influência decisiva do meu pai que viveu o auge da música popular brasileira na cidade de Recife. Confesso que a relação com papai não foi muito legal. Na maioria das vezes (para não dizer todas às vezes) a gente se batia de frente (assim como ele, sou uma cabeça dura!) e o único “território” onde a “trégua” se estabelecida era na música.

Todos aqui em casa crescemos ao som da Jovem Guarda, dos Mutantes, dos Beatles, Bob Dylan, Jimi Hendrix; Janis Joplin, Tom Jobim, Edu Lobo, Nara Leão, Toquinho, e vários outros (Infelizmente nasci na década e na cidade errada!). A nossa única discordância se restringia a Elis Regina (sou completamente apaixonada por ela e brigo – e brigo mesmo! - com qualquer um que resolva falar mal da “Pimentinha”) e aos “clássicos” dos anos 80 – Legião, Titãs, Barão, Cazuza, Kid Abelha, Paralamas, Ira, Capital Inicial e toda a galera boa que vez da década de 80 única – que para os ouvidos de papai não passava de muito barulho por nada...

Ontem a tarde após uma longa conversa com uma amiga lembrei que nunca mais tinha pegado os discos de vinil do meu pai que estão guardados a sete chaves. Então, quando cheguei em casa a primeira coisa que fiz foi uma visita a eles... Limpei todos. Um a um, com um paninho e foi uma sensação tão boa. Rever – limpar – todos eles me fez enxergar o quanto a música anda presente/passado/futuro na minha vida!

E mais importante do que isso, foi constatar que a relação com papai, mesmo conflituosa, gerou alguma coisa de felicidade/cumplicidade da qual poderemos compartilhar sempre – só a música para aproximar mundos tão opostos e iguais! Rita Lee não tem idéia (rs), mas só ela me fazia sentar aos sábados à tarde na frente do som com meu pai, mesmo depois das brigas... Era ao som dela que eu ficava me deleitando e escutando as histórias e mais histórias dos 3 shows que papai foi na cidade de Recife na época da Ditadura... De como ele fugiu da casa da minha avó e teve que vender alguns discos para juntar a grana para o ingresso, e toda a “aventura” que foi vivenciado por ele e alguns amigos.

Até hoje quando escuto Rita Lee lembro dessas histórias e fico imaginando como teria sido se eu estivesse presente... Deus dê muita saúde e vitalidade para Rita Lee, pois ela não pode morrer agora, não antes que eu vá a um show dela.

Entre as músicas dela que mais gosto – não lembro de nenhuma que eu não goste – Esfinge é, sem sombra de dúvida, a que mais me faz lembrar de papai. E como o post de hoje é sobre Rita Lee e seu Euzébio (meu pai!) vou colocar aqui a letra, pois infelizmente não achei nada no Youtube e a música ta no vinil e não dá pra passar para o PC (buá!).

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Esfinge

(Composição: Roberto de Carvalho - Rita Lee)

No ponto exato onde nasce o sol
Um olhar distante contempla o além
Sorriso enigmático
Imperturbável desdém...

Guardiã eterna do segredo milenar
Quando o Saara Atlante ainda era mar
Tão tranquila e impassível
Quanto inacessível...

Esfinge
Finge que não vê
Decifra quem te devora
Hieroglifa o saber

Só no domínio de si próprio
É que o humano sobrepõe-se ao animal
Com a força do leão
A inteligência do homem
A serenidade dos deuses

Esfinge
Finge que não vê
Decifra quem te devora
Hieroglifa o saber

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Beijos!

2 comentários:

Sueli disse...

Pois então temos mais aloguma coisa em comum. Também sou fãzona de Rita Lee. Tão adiantada para a época em que surgiu, hoje mostra que era ela quem estava certa. Nada como a música para marcar nossos momentos, não é mesmo? Adorei! Beijo grande!

~*Rebeca*~ disse...

Ah Aninha, fui procurar essa música pra você... procurei em todos os sites que conheço e não tem, pense!

Mas o que vale é a intenção, né?

Amei seu post!

Beijo grande, menina linda.

Rebeca

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