terça-feira, 15 de junho de 2010

"O tempo existe, sim, e devora."

Olha, lá fora tem um sol bem grandão, quase não tem nuvens, o céu está completamente azul, tingido de um azul que adoro, uma brisa fraca bate descaradamente no meu rosto e cá estou eu, num dia de cinza completo, sentada na frente desse computador que anda sendo um dos meus algozes mais cruéis.


Nada de interessante aconteceu esses dias...Continuo fazendo terapia e às vezes bate um desanimo. Ficar muito tempo comigo mesma tem se revelado uma via de mão dupla, ora tenho ótimas surpresas e ora tenho vontade de desaparecer, meio como cantou Zeca Baleiro “às vezes me preservo nuotras, suicido!”... Não que eu vá tomar atitudes desesperadas, como por fim a minha vida, ou algo que o valha. Já superei essa fase faz tempo, mas descobrir que sou a pessoa mais contraditória que conheço não é uma tarefa muito fácil para tentar manter o que me resta de sanidade.


E nessas horas só consigo pensar como Caio Fernando Abreu “não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, gin-seng e lexotan, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a banchá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o cvv às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas tipo preciso-tanto-uma-razão-para-viver-e-sei-que-essa-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá e me lamurio até o sol pintar atrás daqueles edifícios sinistros, mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?”. E continua: “te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza, não tem jeito, companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca tivemos mapa algum, ninguém dá mais carona e a noite já vem chegando.”. (Morangos Mofados)


Eu sei, eu sei, muito escatológico, confesso! Mas fazer o que? É o único sentimento verdadeiramente Ana de ser... Procurar nuvens de tempestade e as fazer derramar o seu liquido é a minha “praia” – contradições a parte, tenho certeza que você entende o que estou falando...

Ana.

PS: Você falou que ando muito preguiçosa, que abandonei o blog, que não comento mais no seu, etc, Tudo verdade, mas isso é apenas mais uma fase, logo as nuvens negras seguem seu curso, o sol volta a brilhar aqui dentro, o rei volta para o seu trono majestoso e brinca de ser dono do seu próprio Destino.