Cenário: Sala da minha casa.
Personagens envolvidos: Mainha, F (sua amiga) e eu.
Segue-se a cena:
Mainha e F conversão animadamente sobre algum assunto, quando entro na sala para comunicar que estou de saída e que talvez tire direto da terapia para o trabalho. Eis então que F resolve olhar pra mim e diz:
F: Titia a senhora deixou Aninha furar outro buraco na orelha?
Mainha: Por mim ela não teria feito...
E as duas fazendo de conta que não estou na sala ouvindo a conversa, continuam.
F: Quem fura a orelha mais de uma vez é bandido, daqui a pouco ela vai fazer tatuagem.
Ana (respira fundo): F é o seguinte: já sou de maior faz um tempinho, furei e furarei minha orelhas quantas vezes quiser e achar melhor e farei uma tatuagem também, só que ninguém tem nada com isso, afinal o corpo é MEU. Já faz quase dois anos que furei minha orelha e só agora você notou. Nesses dois anos mudei muito, terminei meu mestrado, arrumei um emprego, tenho muitas outras responsabilidades que não tinha antes do brinco, pago minhas contas e por ai vai...
F: Mas o que estou querendo dizer é...
Ana (com raiva): O que você quer dizer é que estou a um passo de me tornar “marginal”. Sinto te decepcionar. Não vai ser um brinco, ou uma tatuagem que vai fazer com que eu mude meu caráter (Acho que nada fará). Quanto a isso as duas podem ficar tranqüilas. Agora muito me espanta esse tipo de “observação” da sua parte. Também não é porque estou com a orelha “cheia” de brincos que vou sair povoando o mundo, fazendo um filho a cada esquina e dando para minha mãe criar, como acontece por ai... Acho que você deveria se preocupar mais com as coisas da sua casa (deveria ter acrescentado: e deixar de ser tão hipócrita)
Revelando alguns fatos para os leitores: F tem uma filha que engravidou com 19 anos, teve duas filhas que são criadas por ela e nem por isso a filha cuidou em procurar emprego ou mudar de vida. P teve os mesmo “privilégios” que eu tive. Fomos colegas de escola durante a vida quase toda e eu estou aqui trabalhando feita uma louca, contando os dias para entrar de férias, enquanto P fica de festa em festa sem nenhum tipo de responsabilidade. Ai vem F e me diz o que devo ou não fazer... Sinceramente, vai catar coquinho. Quem ela pensa que é? Fiquei tão indignada com a situação que nem dei mais oportunidade para F falar. Fui saindo e ainda bem que tinha terapia na quinta, pois nem sei o que teria sido de mim...
A noite mainha veio pedir desculpa por não ter dito nada...
Enfim, odeio hipocrisia. Desde quando um brinco ou uma tatuagem podem falar pelo caráter das pessoas?
Obs: Não, o espírito de Natal ainda não chegou.. Se perdeu em algum lugar
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